Amigos. Paz plena.
Eis cópia da primeira carta que escrevi para o JBL
sobre Deus não perdoa nunca:
Belo Horizonte, 13 de
Setembro de 1992.
Caro amigo e companheiro em Cristo Jesus , nosso
Mestre e guia.
Padre João Batista Libânio, que os ensinamentos de Jesus nos ajudem a
encontrar a VERDADE, que liberta; que
o amor, a luz e a paz transmitidos a nós por Jesus possam unir a todos nós para
a construção do Reino de Deus, dos Céus ou de Jesus, que é de liberdade até
de pensamento, de humildade até para os
líderes, de paz, de compreensão, de sabedoria e de moralidade, onde todos
seremos considerados realmente como irmãos, amigos e companheiros.
Uma das grandes dificuldades para encontrar a
verdadeira Verdade é o medo e o temor de “pensar no já pensado”, como também o imenso receio de descobrir “erros e
interpretações erradas em princípios considerados como verdadeiros”. Muitos princípios, tidos como certos, não
passam pelo crivo de uma análise crítica e pela lógica de uma avaliação
consciente, liberal e racional.
Padre J. B. Libânio, já há
bastante tempo que tenho vontade de escrever-lhe, quem sabe poderei encontrar
em você um amigo para poder “aprofundar
e revelar as minhas descobertas”. Esse interesse vem desde que li um artigo
seu: “Conjuntura Eclesial: A Reflexão do
Teólogo J. B. Libânio”, de 22/11/1988. Mas o tempo passou e eu não escrevi.
Agora voltei a ver o seu nome
no “Estado de Minas” de 19/08/92, no artigo intitulado: “Igreja Revê a Inquisição”. Gostei muito do artigo e é bom a gente
encontrar teólogos, que aceitem e reconhecem que a Igreja, como instituição, cometeu erros, violências arbitrárias e
injustiças, violando os “Direitos Humanos” e tendo agido como agiram e agem no
século XX as terríveis e temíveis polícias secretas: KGB, Gestapo, CIA, FBI,
SNI, DOPS e outras, que torturaram, supliciaram e fizeram de tudo, fazendo até
desaparecer as provas do crime: os cadáveres. Muitos anticatólicos condenam a “Inquisição” sem tomarem conhecimento e
terem ciência daquilo que a Igreja tem de belo e de bom: “a vivência do
verdadeiro amor ensinado por Jesus na beleza do servir e na liberdade de
encontrar e viver com a VERDADE”. Uma verdadeira comunidade comunista (hoje
não deve ser mais crime e nem perigoso falar assim) é evangélica, amorosa,
humilde e humana e é vivida segundo os princípios do Evangelho. O comunismo
ateu, destruído por Gorbachev, era mais
ditatorial do que os regimes absolutistas do passado e sem ter nada de
“comunitário”, deixou de enganar ao povo e de fazer com que os defensores do
Evangelho fossem presos e torturados, como agentes da esquerda. Os regimes
comunistas só conseguiram se impor por tanto tempo porque tomaram o poder pela
força das armas e mataram as lideranças contrárias, controlaram o povo a ferro
e fogo na lei do fuzil, do terror e dos tanques.
Sou um leigo e estudo
teologia por conta própria. Até hoje não consegui um companheiro e amigo, que
me ajude a “desenvolver minhas teses”. Hoje encontro e vejo explicações para
muitas perguntas, que não tinham respostas convincentes e lógicas, que eu fazia
em minha vida de estudante, de seminarista e de “católico, ainda silencioso”. O meu estudo de teologia tem um
profundo relacionamento com a matemática, como fez Pitágoras e também sou um fã da evolução e de Teilhard de Chardin, só que minha tese evolutiva é diferente, pois não tende para a UNIDADE, mas para a perfeição de cada
individualidade. Dentro da matemática (geometria) para falar ou referir-se a Deus-Pai-Mãe Criador utilizo da figura da
“RETA” (Deus = Reta), pois a
reta não tem princípio e nem fim, por um mesmo ponto pode-se traçar um número
indefinido de retas e todas são iguais, com
a mesma perfeição e o mesmo tamanho infinitos. Só com uma ideia perfeita e infinita pode-se falar de Deus, que é
também infinito e perfeito. Hoje posso falar assim: “Só existe mistério por causa da falta de conhecimento ou da ignorância
sobre o assunto. Só existem milagres para quem ignora as leis superiores ou do
céu”.
Vou expor agora uma de minhas teses, que é:
“DEUS NÃO PERDOA NUNCA”.
Antes de explicar a tese,
primeiro farei um comentário sobre outra tese teológica, que ouvi sem ter
concordado com ela: “A ofensa cometida
pelo homem contra Deus era maior do que o ofensor, por isso o homem não tinha
autoridade e nem capacidade de pedir e alcançar o perdão da ofensa cometida
contra o ofendido: Deus. O homem não podia alcançar a sua redenção. Então Deus
enviou seu Filho, Jesus, como Salvador da humanidade, limpando e resgatando a
culpa originada pela desobediência do homem, que foi a causa de sua expulsão do
paraíso”. Nesta tese é muito bonito ver a dimensão do amor de Deus, mas é de uma grande falta de lógica e de
razão para com a perfeição, a sabedoria
e a humildade de Deus, como também com a capacidade de compreensão de Deus para
com todos nós.
Para mim é difícil pensar que os homens (teólogos) chegaram à conclusão que
para que Deus perdoasse a humanidade foi
necessária, aceita e até exigida por Deus a morte de Jesus, seu Filho, na
cruz e ainda por um julgamento injusto e um drama cheio de traições, realmente um acontecimento digno da
perfídia de muitos falsos líderes da humanidade.
Agora vou apresentar a justificativa
e defesa da tese que é: “DEUS NÃO PERDOA
NUNCA”.
Deus não perdoa nunca porque Ele é sábio, perfeito,
bom, justo e compreensivo. Tudo em
Deus tem que ser o melhor possível, pois senão um outro seria melhor do que Ele
em algum atributo e aí Deus teria que melhorar em alguma coisa. Deus não perdoa nunca porque para que
houvesse necessidade do perdão por parte de Deus, é porque antes Ele teria se
sentido ofendido, e se Deus se ofendesse Ele não seria Deus, pois Deus é amor,
paciência, compreensão, sabedoria e humildade em plenitude. Quem é
sábio, perfeito, bom, justo e compreensivo nunca se sente ofendido. Então, como
Deus é perfeito em tudo Ele
nunca se sentiu ofendido, nunca foi ofendido, por isso Ele não tem nada
para perdoar. Só tem que perdoar aquele que se sente ofendido e quem se
sente ofendido não é ainda perfeito.
Se entre os homens mais
sábios e mais justos já existem aqueles que não se ofendem de maneira nenhuma e esta é a meta a ser atingida por todo ser
humano: A PERFEIÇÃO. Como podemos negar
esta capacidade para Deus? Como
puderam ensinar que Deus sentiu-se ofendido pelo ser humano e ainda foi
necessária a morte de Jesus na cruz para redimir o gênero humano? Para mim
é o mesmo que defender que Deus não é perfeito.
Gostaria de ouvir a sua opinião
sobre esta tese e como você a
correlacionaria com a prece de Jesus no “Getsêmani”, relatada em Mateus
26,39 (Bíblia de Jerusalém): “Meu
Pai, se é possível, que passe de mim este cálice; contudo, não seja como eu
quero, mas como tu queres”. E também: “Meu Pai, se não é possível que isto
passe sem que eu o beba, seja feita atua vontade” (Mt 26,42). “Abba! Ó Pai! Tudo é possível para ti;
afasta de mim este cálice; porém, não o que eu quero, mas o que tu queres”
(Mc 14,36). “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha
vontade, mas a tua seja feita” (Lc 22,42).
Mateus e Marcos citam que o apóstolo João foi um dos três que
estavam mais próximos de Jesus e João
não fez referências a esta prece antes da prisão de Jesus (João 18,1 a 10). Por que e qual a
razão da diferença? Para mim estas
citações (orações) não são racionais e nem divinas ou humanas, pois
Deus-Pai-Mãe que é amor em plenitude, bom, perfeito e justo não deve ter agido
como muitos pensam e ensinam que Ele agiu. Vemos aqui uma atitude não muito
digna de qualquer “ser humano” e que nenhum homem bom e justo a faria. Como então os teólogos e três evangelistas
ensinaram e ensinam que Deus agiu como agiu com Jesus? Atribuir uma atitude
desta a Deus mostra claramente que quem assim fez e faz não compreende nada
mesmo da “perfeição, justiça, amor,
sabedoria, compreensão, liberdade e humildade de Deus”.
Quem queria se livrar do homem-Jesus deve ser o mesmo espírito
que induziu que o patriarca Abraão fizesse o sacrifício do filho dele com Sara:
Isaac; pois esse comportamento hoje é considerado como demoníaco (de magia negra), e muito digno de polícia e de justiça.
Realmente Jesus veio nos
ajudar e ensinar por amor e altruísmo o caminho da perfeição: “Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito
é o vosso Pai celestial” ou “Portanto, deveis ser perfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito” (Mt 5,48) e
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).
Quem realmente ficou beneficiado com a morte de Jesus
foi o líder civil e ou religioso, ou
melhor, as lideranças religiosas e civis foram beneficiadas com a morte de
Jesus, pois assim o “povo” continuou
sendo explorado financeira e mentalmente pelos líderes civis e ou religiosos.
Paz em Jesus, o Cristo, que
veio nos mostrar o caminho da salvação, da perfeição e nos ensinar que Deus é
Pai, é amor e até Mãe, e, não “um Deus guerreiro”, que concede prêmios aos que
lhe obedecem e vinga daqueles que o abandonam.
Paz e liberdade, esse é o que
desejo a você, que é um irmão e amigo em Jesus...
Rosário Américo de Resende.
Paz plena. Rosário.
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