quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A Teologia da Verdade - IX - Papa Bento XVI e a Teologia da Libertação.

IX - Papa Bento XVI e a Teologia da Libertação.

O Sumo Pontífice citou “Deus” como o último recurso e que está sempre ao nosso lado e à nossa disposição. A grande e assustadora verdade é, de verdade, que o Sumo Pontífice não sabe quem é Deus. Deus, para o papa Bento XVI, continua sendo um mistério e que só perdoou o gênero humano porque alguns homens pregaram Jesus na cruz e vendo o sangue derramado como um sacrifício de sangue e de reconciliação, então perdoou a desobediência de Adão e Eva...  Isso nunca foi AMOR, PERFEIÇÃO e BONDADE...

Realmente o ser humano torna-se integral por meio da compreensão e conquista da Verdade, tornando-se uma representação viva da caridade. É isso o que ensina a TL e é comprovado pela TV. Uma das bases da TL está no unitarismo, pois o homem, o indivíduo deve ser respeitado e viver de forma integral. Veja como o papa Bento XVI expõe a mesma lógica da TL no item 15 da Encíclica: “Caritas in Veritate” (6a): “pois, a Jesus Cristo, que nos ama, interessa o homem inteiro”.

Tradição (Itens 10; 11; 12 e outros da Encíclica “Caritas in Veritate” (6a)) – O papa, quando cita São Paulo, Gregório Nazianzeno, Santo Agostinho e São Tomás, deixa claro que a evolução do conhecimento é uma eterna busca da perfeição e da sabedoria de cada ser criado, mas também fica claro que desconhece a Verdade nua e crua, pois não se libertou dos ensinamentos envoltos em mistérios, que foram criados pelos antigos teólogos cristãos.

A Tradição da fé apostólica é algo importantíssimo sim, mas é também muito perigoso, pois os “erros” do passado continuam sendo ensinados como “verdades indiscutíveis”. O papa Bento XVI está preso ao passado, pois os primeiros teólogos cristãos e todos os autores bíblicos, que por ignorância criaram a Bíblia como um conjunto de livros sagrados e assim ficaram “cegos” para ver que Deus é o verdadeiro libertador e respeita plenamente a liberdade de todos. Citar Santo Agostinho é continuar com a aceitação da visão imperfeita, enganosa e até errada do passado.

Pecado das origens: Pecado original” (Item 34 da Encíclica “Caritas in Veritate” (6a)) – Com essas citações ficou muito clara, para mim, a falta, que faz ao papa Bento XVI, a TL e TV para conquistar a Verdade. Ele precisa aceitar, compreender e divulgar a TL, pois o verdadeiro libertador é Deus. Agora Deus respeita sempre a liberdade e autonomia de todos os outros.

Então para que Deus possa agir no plano físico (Teísmo) é necessário que o ser humano também deseje agir.

O mistério da fé é na realidade um grande engano e engodo do fundamentalismo religioso, que cega a todo crente, que ainda não entendeu a TL e muito menos a TV.

O Sumo Pontífice fala na verdade, mas a Verdade de verdade só será compreendida via TL e TV, pois a primeira atitude de quem é livre é compreender melhor a Verdade e entender, que aprendemos muitas coisas como verdadeiras e que não o são.

A verdade nos liberta de todos os ensinamentos dogmáticos e princípios bitoladores da nossa liberdade até pensar. O Sumo Pontífice ainda está preso a esses princípios, que foram impostos a ferro e fogo.

A TL surgiu como auxílio de ligação e entendimento entre o verdadeiro Reino de Deus e o progresso tecnológico, que se resume na união perfeita entre Religião e Ciência. Só com essa união será encontrada a solução verdadeira para todos os dramas e enigmas da humanidade. Todo ser humano deseja viver bem, feliz e livre, mas para isso tem que aprender a conviver bem e, em todos os atos de sua vida, tem que fazer somas e divisões perfeitas.    

Veja o que foi escrito pelo Bento XVI no item 9 da Encíclica “Caritas in Veritate” (6a): “A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados”. Que ótima evolução do conhecimento, pois no passado a Igreja sempre se imiscuiu na política suja dos Estados. Até “guerras” (cruzadas) e “massacres” (albigenses), a Igreja já defendeu e fez.

Religiões: realmente são diferentes entre si, pois as religiões são fundamentadas nos ensinamentos de seus mestres e expressam as vontades dos indivíduos, que foram e são os seus líderes, que não são iguais em atitudes e conhecimentos.

Eis ai a evolução do conhecimento geral e de cada indivíduo.

O espírito mentor do profeta (ou médium), que fundou uma religião, torna-se o principal responsável por aquela religião; isto é: passa a ser considerado como o “Deus” daquela egrégora.

O Sumo Pontífice ainda não conseguiu encontrar a saída do labirinto criado pelos teólogos há séculos. Veja o que ele escreveu no item 19 da Encíclica “Deus e amor” (6b): “A caridade da Igreja como manifestação do amor trinitário”. Um dos mais confusos e indecifráveis dogmas da Igreja é o do Deus Uno e Trino, cuja explicação, que me foi revelada, está na 3ª carta para o bispo Dom Célio de Oliveira Goulart (2) e complementada na carta escrita para o Doutor Carlos Magno Ramos (2) (Ver item I – Deus, deste trabalho).

Mesmo que haja uma união perfeita entre dois ou mais espíritos, sempre continuará a existência dos dois ou mais espíritos e nunca um só espírito, mas tornam-se um conjunto de espíritos em plena harmonia. O versículo de 1Cor 6,17, como muitos outros, de São Paulo é sofista e nunca deixa que a Verdade seja compreendida. Ver no item 10 da Encíclica “Deus e amor” (6b): “Aquele, porém, que se une ao Senhor constitui, com ele, um só espírito (1Cor 6,17)”. A união de dois ou mais espíritos nunca irá ser um só espírito.

Caridade é doação e não recepção. O verdadeiro e puro amor é doação e recepção. Os problemas na realidade não são frutos da globalização, mas dos sentimentos egoístas de indivíduos e de grupos de indivíduos, que só pensam neles.

A verdadeira caridade é o ato de fazer algo de bom com bens próprios ou ação para outros de uma forma irrestrita e sem esperar nada em troca. A caridade é bondade e está acima da justiça, pois quem julga tem que ser justo e cumprir bem as leis existentes. A caridade na verdade está acima da lei e não julga (Jo 1,17). Caridade é um ato de doação e dada de graça sem a exigência de algo em troca.

Veja o que foi escrito no item 4 da Encíclica “Caritas in Veritate” (6a), onde fica clara a necessidade da compreensão da Verdade: “Sem a verdade, a caridade acaba confinada num âmbito restrito e carecido de relações; fica excluída dos projetos e processos de construção de um desenvolvimento humano de alcance universal, no diálogo entre o saber e realização prática”.

Por que a sua Santidade, Bento XVI, como o cardeal Joseph Ratzinger, não fez isso com o teólogo Leonardo Boff, o que ele mesmo recomendou depois? A atitude dele sem diálogo com o Boff, o que prejudicou a compreensão da Verdade via TL, pois o conhecimento das verdades realmente liberta e torna-se possível a compreensão da TV.

Veja o que o Bento XVI escreveu item 17 da Encíclica “Caritas in Veritate” (6a): “Somente se for livre é que o desenvolvimento pode ser integralmente humano; apenas num regime de liberdade responsável, pode crescer de maneira adequada”. Penso que o Sumo Pontífice não é uma pessoa adequada para falar em “liberdade responsável”, pois ele não aceitou a liberdade de outros, cito apenas o caso do teólogo Leonardo Boff e a Igreja nunca aceitou a liberdade religiosa dos outros povos por muitos séculos, e, principalmente dos próprios teólogos católicos com ideias mais avançadas e ou libertadoras.

O Bento XVI fala em missão profética dos seus antecessores, como também da dele. E por que os papas deixaram a Igreja agir com tantas vilezas e maldades durante quase 15 séculos, desde o século IV até ao século XIX?

O Sumo Pontífice fala sobre a Verdade e cita o relacionamento das Pessoas da Trindade na única Substância divina e se perde no confuso labirinto criado e imposto pelos teólogos com relação a Deus, que é Único e Uno (Dt 6,4). Ele confunde Deus com a Espiritualidade, que é o conjunto de todos os espíritos e ou com o conjunto cósmico, no qual tudo está contido e nada existe fora dele.

O papa Bento XVI fez uma análise fantástica do progresso, que é fruto do conhecimento e que tanto pode ser usado para o bem de todos ou não. O progresso tecnológico fornece meios para que os seres humanos possam ter uma vida mais digna e em abundância (Jo 10,10), mas também fornece armas e meios contrários à vida e à liberdade para muita gente. Trigo e joio (Mt 13, 24 a 30 e 36 a 43) estão misturados em toda parte, chegou o momento da separação. Quem faz essa separação é o próprio joio, pois um elemento do joio elimina o outro, os elementos do joio agem com egoísmo e desejos de vingança.

Os que já são do trigo só amam e respeitam plenamente a liberdade dos outros.  

Gostei dos artigos da Encíclica “Motu Proprio” (6d) do Bento XVI sob a forma de Motu Proprio Summorum Pontificum e a liberdade de ação e de culto, como foi exposto, deverá ser estendida também no processo de busca da Verdade, que liberta (Jo 8,32). Quero ressaltar o caso do arcebispo Lefebvre, quando o mesmo juntamente com os seus seguidores, queria continuar celebrando a “liturgia” conforme o Missale Romanum, antes do Concílio do Vaticano II, e que foram tratados com muito mais amor e compreensão pelo papa Bento XVI do que pelos antecessores dele. O arcebispo Lefebvre e seus companheiros foram até excomungados e esta sim não foi uma atitude cristã, ética e nem perfeita.

No item 37 da Encíclica “Deus e amor” (6b): “Mas quem pretender lutar contra Deus tomando como ponto de apoio o interesse do homem, com quem poderá contar quando a ação humana se demonstrar impotente?”, o papa Bento XVI seguiu a linha do Gamaliel, citada em Atos 5,34 a 42, que, pode-se dizer, salvou a vida dos apóstolos com uma intervenção perante o Sinédrio Judeu. Ele também ‘condenou’ a posição assumida pelo papa Pio IX, que fez isso quando criou o dogma da infalibilidade papal em 1870, pois o Pio IX se considerou superior a Deus, pois só Deus é infalível.

Veja no item 48 da Encíclica “Esperança Cristã”, (6c): “Então terei feito também o máximo pela minha salvação pessoal”. OK e é isso que defende a TL, pois a salvação ou a redenção é pessoal, individual e não coletiva. Agora quem nasce do alto, é porque já desceu do alto e cria dentro de si (animismo) uma imensa vontade de ajudar que os outros também conquistem suas redenções ou salvações. Cada SER é o único responsável pela sua própria salvação, pois se um SER fosse salvo por outro, então não haveria mérito próprio e assim a felicidade nunca seria plena.

Um grande erro de todos os cristãos foi a aceitação e crença de que a humanidade foi redimida pelo sangue de Jesus derramado na cruz. A morte de Jesus foi uma consequência dos ensinamentos libertadores, que passou a ensinar e também por causa do enfrentamento de Jesus para com os líderes religiosos contemporâneos a ele.  

O Sumo Pontífice fala da e sobre a Fé, mas ainda não conseguiu explicar com clareza e lucidez a grande vitória de Jesus, que começou a ensinar a libertação para o povo dos mandamentos, que só traziam o povo aprisionado às vontades dos líderes religiosos, que desconheciam a bondade de Deus e a libertação, que estava ao alcance de todos por meio do entendimento e compreensão da Verdade.

Eis uma grande verdade, que foi dita pelo papa Bento XVI, pois a salvação é autorredentora e não heterorredentora. Veja no item 25 da Encíclica Spe Salvi sobre a Esperança Cristã (6c) o que escreveu o papa Bento XVI: “O homem não poderá jamais ser redimido simplesmente a partir de fora”. Ensinamento, com o qual concordo, pois é o que está em Deuteronômio 24,16: “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais. Cada um será executado por seu próprio crime” e também Jeremias 31,30: “Mas cada um morrerá por sua própria falta. Todo homem que tenha comido uvas verdes terá seus dentes embotados”. A salvação é conquistada por meio da vivência perfeita do amor para com todos (Jo 13,34 e 35; 15,12 a 14 e 17) e da busca da Verdade (Jo 8,32 e 16,12 a 15) e do entendimento (Ap 13,18). A salvação sempre dependeu, depende e irá depender das ações e atos do indivíduo (Veja Mateus 25,1 a 46).

 


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